terça-feira, 15 de maio de 2012

O Príncipe

Há um príncipe que mora num planeta tal tal e tal, de pequeno porte, quase tão diminuido que só cabem ele e uma plantinha que, percebam, é regada pelo prínicipe que, pra caber no planeta, precisa ser pequeno, embora arquétipo. E lá ele reina num planeta só dele, preso numa lei da gravidade que mal dá pra você dar um pulo mais alto, só dele. Mas no que é que esses detalhes importam quando cê tem o seu poder e tudo ao dispor pra colar um adesivo no vidro do carro: é pouco mais é meu. Até que qualquer coisa vai te fazendo ficar miúdo, espetado como uma borboleta no alfinete, um planeta tal tal e tal em bola de isopor pro trabalho da escola.

sábado, 17 de dezembro de 2011

O seu corpo reconhecível

julho de 2009:
pessoas que, como nós, se movimentam pelas palavras, fazem doer as pessoas que, como nós, se movimentam pelo silêncio.


sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Fade out das pernas


Para Isabela, Natânia, Juliana, Heloisa e Isabelle. Dando uma voltinha.

O frio chega muito perto e inesperado na janela por um vento horizontal. As cortinas balançam, curvam e brilham com relâmpagos que acontecem nas praias distantes, nas ilhas ainda não-colonizadas. Unhas sem pintar estão na minha frente voando e, por vezes encostam na testa. Elas são longas, as mãos são minhas, mas num tempo parado de cutículas que tomaram conta não por descuidado, mas por abandono. É engraçado como nestes momentos não pareço estar nem doente, nem impotente, nem sóbria. É muito rápido que essa sensação passa, mas o que ela deixa me preenche feito uma fumaça, feito fumaça de fogão a lenha, essa sensação que infla e me deixa pronta para que me meçam novamente a densidade. Vão descobrir que não sou leve, que não é possível me carregar dum lugar pro outro, duma cadeira pra mesa, da privada pro jardim, vocês vão descobrir, vocês vão ver. Mas o tempo estava no mesmo lugar há horas, coagulado e eu me pergunto quantos mais motivos florais poderia imaginar pro rebaixamento feito à gesso no teto em cima da minha cabeça, encostando na minha testa, unhas, anteparo das sombras da minha mão que podem se mexer enquanto nada mais meu pode. Bater, meu coração.

O que eu poderia me lembrar dos anos, quantos? Foi a partir daquele dia acidental que minha vida passou a correr ao lado da minha vida paralelamente sem nunca encostar uma na outra mesma e sou agora qualquer coisa muito diferente do que corre logo ali, ali do lado, na linha que em  nada me toca. Me afastei tão severamente dos meus desejos sobre mim, dos meus desejos para mim e eu gostaria que houvesse uma (finalmente)  parábola e que tudo se tocasse e que eu pudesse reintegrar os tempos: quem estou, quem sou.

Um esforço para correr em direção ao que está ficando cada vez mais longe em fade out, mas vão me arrancando pedacinhos e pedacinhos das minhas pernas na infecção que me toma, fade in, fade out. Eu vivendo meus sonhos, meus dias, os movimentos, os pagamentos, os beijos, os ônibus, os copos dágua. Me retiram cada vez um pouco mais porque é pra preservar a memória da melhora, é em nome de estar salva. Não tenho mais forças para recusar quando me dizem olha é estritamente necessário arrancar e eu fico chorando e nem sai mais nada, nem tem mais de onde tirar demonstrações líquidas do eu eu eu vivendo os dias com relâmpagos tornando a cortina iluminada, gravando tudo com os olhos, obcecada, porque está escapando, os segundos, este momento verde, laranja, estruturas cilíndricas e vibrantes onde compramos ingressos, onde entramos de graça e vimos imagens e mais figuras de criações realmente fantásticas, muito realmente refletindo sobre nosso momento contemporâneo. Uma garota passa, linda, cadeira de rodas elétrica e ela poderia imaginar que, ao pedir licença, pedia pra mim, justo pra mim que estaria brevemente colada à uma cama na dependência de uma sonda renal...? Unhas vermelho tomate Impala 126.

Sinto que, principalmente, as cores fogem. Os futuros, os sonhos, os planos, os livros, os filhos fogem. Toquei minha boca e eu tinha um gosto branco. Era novamente hora, iam abrir a porta, disseram ser necessário, mais um pedaço, talvez o direito, talvez até o joelho. Fechei os olhos sentindo encostar o cílio postiço superior no inferior. Um gosto preto de cola: um horror vai acontecer quando finalmente eu me tornar quem tanto me esforço para ser... Sentei na cama e me fatiei muito instrumentadora cirúrgica. O direito. Talvez até o joelho retirem dessa vez. Me tirei lasca novamente, foi um alívio! Extração! Meu pescoço, o seu peito, a areia da praia, os dias de buscar a mala, os estudos, as chaves fade out, fade out da minha própria vida correndo paralela a minha própria vida, eu fui dispensando na bandeja metálica, brilhosa, asséptica cada membro. Amputada e sangrando. Vai aí mais um pedaço que sempre desejei.


domingo, 6 de fevereiro de 2011

Tape 1 - Lapa
A mais morena bate na caixa do cigarro, mas você não tem mais cigarro dentro. Nos olhamos como se fossemos uma foto do Miles Davis. A mais morena pede mais um litrão e bebemos em silêncio. Há na TV do bar um gol inspirado e ela está acompanhada; seu acompanhante/amante vibra.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

A submissa

Aos beijos inteiros afagados numa cama outra. Subimos num prédio onde eu nunca entrei. Em consideração ao meu rosto, que você olha rápido e que é vítreo, eu não te reconheci, jurei isso pra sempre. Nosso encontro é o mais novo plágio: quantas vidas já ateadas fogo sob o mesmo passado repetido, mesmo clichê, em que eu ficava agora só porque tivemos antes um abraço...?
Foi na sala do café, eu passada por entre as estantes de papéis empilhados, os seus olhos sempre acompanhando, foi na sala do café, você disse, fechando a porta, umas palavras disformes que eu nunca tinha ouvido. Não por recato. Peguei rápido um coque no topo da cabeça e com o rabo suave trepamos sob um plano de madeira azul. Eu piscava uns olhos que já tive e havia perdido, um medo gigante de te esperar na rua, no shopping e você não aparecer, você apareceu e então passei a ter um pavor que me acompanhou pra sempre. Nos dias e nos anos que se seguiram, eu te pedia que me batesse, por favor, me bata na cara e você batia com a beleza inexperiente dos novos encaixes. Meu amor é de tração. Eu acordava vestida, sempre fui cuidadosa. Coisa que gosto é morder as suas ordens, morder minha posição debaixo dos seus pés, estender a mastigação, transferir de molar à molar. Subimos o prédio. Seu amigo estava lá, você tem aquele capricho e me apresentou desfeita o rabo de cavalo, nunca compreendi seu raro talento de me pegar, me levantar, me sufocar. Seu amigo não quis logo me beijar, eu fiquei com o rosto fugindo. Tenho os peitos normais. Seu amigo me parecia assustado, meu olho fechou. Você explicava e persuadia, que eu sou uma vadia... Seu amigo me beijou intranquilo, você me pressionou pra junto da boca, eu dele, e despontamos pro sabor de língua. Você assistia, era como se fosse Natal. Eu ruminava os seus carinhos, o cheiro do seu ordenar. Nunca fui inteira (aos beijos inteiros afagados numa cama outra...) Como os galhos do arbusto furando o desenho: um passarinho, numa cerca, um círculo, um quadrado, um coelho. Eu sou uma murta. Seu amigo enfiou devagar e você rápido. Nada me denegria no abandono, no abdicar. Minha dor é ter de escolher, eu nunca quis escolher, a liberdade que nos contam me dói que pesa. Você decide meu almoço, um purê, transpareço ofensa e então nós sorrimos, chega a ser escroto, muito bonito.

A natureza da mulher: quem por ela escolha

Eu subi num prédio estranho. Você estava do meu lado. Qual a semelhança entre um e outro quando vejo os dois mal refletidos contra a superfície polida da porta fechando e anunciando - é uma gravação - que estamos subindo. Eu sou um rosto vítreo, eu mal posso piscar, eu sou como que por uma obrigação; eu sou alguém que você tem.
Deslumbrada caminhando entre as estantes de livros e papéis, pastas, os seus olhos sempre me acompanhando. Numa sala de café, você me disse que deveríamos trepar, trancou uma porta estreita de correr, mas eu não quis porque essa palavra, "trepar", e assim realmente dita pra além de imaginada, me entristeceu. Certas coisas que você me disse (e diz) eram todas sem forma, eu só as pensava, queria de modo impensado. Você criou todas as palavras que hoje eu digo.
Há violência, todo esse tempo houve. Meu amor é de tração. Entre os papéis amontoados, e as pastas, você me ordenou ordens diversas e assim jamais fui demitida. O clichê passava por nós e nos abraçamos como se existisse vida que fosse inédita - e tudo já foi passado, escrito, lançado. Por muitas tardes, levando minhas avós que iam conversando na praça em suas cadeiras de rodas, retesei meus músculos para que ficasse, para que eu não fosse. Sua. Tenho uma vida comum, eu sou uma mulher na praça ao fim da tarde que é normal, que é comum, com sol e o barulho da rua que vai diminuindo a cada caminhada pra dentro de onde tem mais árvoresw, agora, agora, eu tenho peitos fracos que são muito comuns. Suas palavras diziam me ameaçar para que eu ficasse tranquila e eu então eu ficava tranquila, assim eu não fazia nada, me sinto tão pura e tão quieta, que a culpa não é minha, eu me martirizo, você me obriga, ameaça, blackmail.
No seu prédio, entramos duas portas à esquerda saindo do elevador. Eu subi num prédio estranho. Você estava do meu lado.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Cisne negro

Você termina o exercício esticada feito uma gata, uma gata parada. Te mostro uma toalha e você se aproxima suada, pelada. A gente sai por aí, a gente já saiu muito por aí. Você me convida pra ouvir música, seus pais sempre por perto. Na casa de amigos, transamos sobre a bandeira do Fluminense você me mandou embora, e eu nem gozara. Aos 16 anos você era aquela que dava, aos 20 frequentava mesinhas de centro, mesa branca, dizia que aquilo era o Brasil, que as carreirinhas te deixavam ligada. Você nunca foi do baseado.

Conheci Altácia na volta do trabalho. Nossa Senhora de Copacabana, sentido Centro, inferno, inferno. O som reverbera pelos prédios, aquele engarrafamento e um calor, porra. Altácia apegada comigo pedindo ajuda e eu ali metendo, metendo, ela chamava e eu alí com deus, e ela aceitara Jesus há mais de um ano e meio e chamava eu e deus e chamava Jesus. Mas não te esqueço com roupa de ginástica, roupa de dança. Era louca, hoje os teus filhos sabem, você era perigosa e babaca pra caralho, nem AnnaKariênina cê tinha entendido, burra, absolutamente burra. Aos 24 começara a carreira de copista, roubava trechos, abria mão das aspas, roubava na caraça, publicara livros na capa dura, meu deus, você era escrota e burra, hoje percebo. Eu desejava uma chuva de xoxotas na minha vida, que houvesse uma porcentagem mínima, que 15% fosse só da sua caindo em cima de mim e eu no meio da rua de boca aberta, você vinha caindo esticada, chegaria ao asfalto de pé, apenas 15%. Altácia disse que eu devia te esquecer. Meu advogado não pensa o mesmo, eu te perdoo, você tem problemas. Tua filha parece contigo pra caralho, Altácia disse que não devíamos deixá-la assim porque você não sabe cuidar. Altácia é uma santa, sério, Altácia filtra o que o pastor diz e só aproveita as virtudes cabalmente necessárias. Sua filha me lembra você, mas não vou dar em cima, não tenho nada com isso, nutro o maior dos carinhos pela menina, o outro eu quero que se foda que tem pai, a pobrezinha não, Altácia vai aos cultos na Universal do Leblon, acha mais mão. A gente nesse sala dois quartos, cara, eu acho que tá bom, pra quem eu sou, pro quanto tu já me sacaneou de roubar o que eu escrevo, minhas matérias, meu suor e meus coitos recheados de juventude trotskista. Pra quem é tá bom. Botafogo é um lugar agradável no fim das contas.
Escuta, você precisa voltar, tem o banco, tem que pagar. Você aparece com roupa de ginástica, você colocava o pé na nuca, de mulher assim nunca se pede o divórcio, me perguntou
- O que é que foi?
Eu não dou mole pra mulher que se faz de gostosa. Eu sempre deixei o cigarro pendurado no lábio inferior querendo que você me dissesse, você não fuma e aí eu acendia e diria
- .. comecei agora...
Escuta, ó, volta que Altácia e tua filha já são mãe e filha verdadeiramente. Não sei como pode. Hoje somos uma família. O pai do Felipinho aparece aqui às vezes e a gente sai, toma uns chopps, porra, as crianças adoram, por mim engravidava logo Altácia, a gente tem tudo a ver, imagino muito ela como mãe. Ela ri. Eu quero logo ter uns crioulinhos, mas meu, sabe. Porra, nunca dei em cima da sua filha. O maior afeto, o maior. Ela entrou outro dia no meu quarto e eu ali de pinto duro, convidei-a a se retirar e ela ali com os bicos do peito armados contra mim. Essa juventude está toda muito sexualizada. Uma chuva de xoxotas, ela disse que queria um número mínimo, 0,5% das xoxotas seriam dela em sua honra, prometeu cair de pé, eu disse que ela devia ser mais amiga da Altácia, aí ela chorou. Tua cara, mas a gente conserta, o pastor é contra essa lei que proíbe palmadas, se depender de quem depender, vai levar porrada.
Ó, volta. Tá foda, cara, você perdeu uma vida aqui.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

[OFF] Sobre o Twitter: da condição humana em meio digital, dos seus microgestos


Eu espero que os analistas de redes sociais, que o pessoal do marketing, que os latu senso em sociologia que trabalham nessa área estejam atentos à beleza da coisa toda. Não digo tanto dos sociólogos, eu confio minimamente que os cientistas sociais leiam quem deve ser lido e tenham o feeling de perceber a bela oportunidade de observação do comportamento humano que se desenham nas redes sociais; porque são modelos tanto isolados, reduzidos e nos permitem perceber coisas que ficam confusas e difíceis de apreender no macro - que seria a própria sociedade. Pensei em escrever, ao invés de "a própria sociedade", a sociedade offline, mas é justamente esse o ponto que eu espero estarem marketeiros, sociólogos, antropólogos e o diabo atentos: que não existe uma sociedade off e outra on, gente é gente e as relações, embora em meio digital, permanecem lá enraizadas na condição humana, nos sentimentos, psicoses, etc, se fundam no real.

Toda essa introdução é para comentar das reflexões que tenho feito desde ontem depois do
stress que se instalou - também entre a gente - quando o Rafael, meu amásio, deu um mass unfollow. O resultado foi desagradável e pedia a gente pensar sobre. Acho uma pena que meus colegas da área de história considerem esse assunto "redes sociais" uma bobagem. Imaginem que se eu chegasse para algum deles e dissesse sobre o quão desagradável podem ser as situações em torno de um unfollow. Por não considerarem parte do real, considerarem redes sociais como quando a gente brinca de Barbie e, tipo, não é real, é apenas a Barbie se arrumando para a festa, é a fala da boneca, não é a sua, é um faz de conta, uma manipulação de avatares, não acreditam fazer sentido que alguém se sinta triste ao parar de ser seguido, ou que parar de seguir determinadas pessoas pode te colocar em situações constrangedoras.

Estou falando, redes sociais, mas, já tá compreendido que estou focando no
Twitter. Acho o Twitter um lugar ótimo! Que oportunidade interessante de observar miudezas cotidianas, comportamentos e relações cercadas de aridez por todos os lados. Porque o Twitter é um meio sintético, não sintético de plástico, sintético porque é um lugar cheio de síntese, onde dezenas de palavras e reações podem ser substituídas/expressas por um #medo. Como nos comunicamos quando há um espaço tão reduzido para comunicação? Que novas comunidades linguísticas surgem nele? Quais são os gestos? Quais são os símbolos que só lá se compreendem e florescem, recriam? Por ter essa forma - micro gestos donos de grandes significados - é que considero os follow/unfollows como os momentos críticos nesta rede social. É neles que podemos apreender a dinâmica da própria rede o que é, por tabela, a apreensão do próprio comportamento humano. Juro por Deus.

Dizem que a moeda de troca do
Twitter é o RT. O que valoriza cada pessoa, ou cada empresa sei lá, é a sua capacidade de ser redistribuida, citada, multiplicada através da replicação do que disse. Quanto maior essa capacidade, mais influente é esta pessoa. Vejam, microgestos, grandes interpretações. É fantástico. E o que mais caracteriza um @ influente? Pois, é o seu número de seguidores. São coisas atreladas: o cara mais seguido tem maior probabilidade de ser mensagens replicadas e, quanto mais tiver mensagens replicadas, quanto mais influente, mais seguidores terá, enfim, é um ser amado. Todo mundo quer ser amado. Receber um follow é saber-se querido, nesse pequeno gesto, há a larga consequência do envaidecimento. Já o unfollow é o contragolpe do ego, é saber-se desinteressante, é ser desconsiderado, considerado desimportante, é perder a real moeda de troca, que são os seguidores, esse distintivo imediato, o cartão de visitas. Enfim.

Ontem fiquei refletindo sobre o mass unfollow do Rafael. Ele depois tentou se explicar porque fazia aquilo, conjurou nas entrelinhas aquilo de que o Twitter é o que o que você faz dele e o que ele queria fazer era um mural de feeds informativos, de música, de ideias, mas então você descobre que não é tão simples, que há vaidades, gentilezas e futuros contrangimentos em bares que devem ser considerados. Talvez ele pudesse ter feito tudo de outra forma, mandado um e-mail para as pessoas explicando tudo, que não era nada pessoal, mas a pessoa tem o direito de ficar puta e ele ficou puto de se ver preso na armadilha da impessoalidade, da relação entre avatares. Ele sabe que é relação entre pessoas e relação entre pessoas é um negócio que sempre dá merda.

O caso é que não há etiqueta para o Twitter nesse momento, digamos, traumático, do deixar de ser seguido. Se, como considero, esta rede se pauta em pequeniníssimos gestos repletos de significados, esse retorno negativo tão singelo, o deixar de seguir, possivelmente equivale a uma cusparada. Agora vocês vejam, eu gostaria de dizer "que bobagem!", mas o que nos escapa é que somos, interpessoalmente, patéticos. Então, se já admiti que tudo é pessoal então ferrou porque é uma cusparada mesmo, às vezes nem é nada pessoal, você só quer seguir sites de música, mas tudo é pessoal, como me ensinou o Manolo Florentino.

Não sei se existe solução para essa falta de etiqueta, não sei se haveria um modo mais
bacana, mais explicativo, não é que eu não te ame, só não quero assinar o seu feed. É fantástico os lugares para onde a condição humana nos leva. Espero que meus colegas estejam atentos à essa oportunidade, à esse microcosmo, essa aldeia indonésia que é o Twitter.

Gostaria de ter mais cabeça e constância e escrever sobre o assunto, debater sobre ele - aliás, outra coisa bárbara no
Twitter é que você pode emitir opiniões, mas, se eu discordar dela, fica chato, ainda não aprendemos a debater; o que é uma incapacidade crônica do país, Twitter é reflexo, tudo é pessoal. Mas não resisti a essa digressão. Adoro o Twitter, adoro o cotidiano e o nada absoluto do vai pra lá vai pra cá das pessoas: cortar o dedo, ir ao médico, parir, mandar beijo. O pointless me fascina. Acima de tudo, espero que meus colegas da história valorizem esses movimentos digitais e que os analistas de redes sociais tenham lido o Questões Fundamentais da Sociologia do Georg Simmel porque eu odiaria descobrir que estou gozando aqui sozinha.
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